Artigo - NOTICIAS DE FAFE, 4/05/2018
PASSOS : Ponte, Pinheiro Manso e Camilo

Aproveito a oportunidade concedida pelo Fafe Sempre para, em vez de um texto de opinião, que me foi sugerido, abordar três assuntos da minha freguesia que me parecem prementes e suscetíveis de ter interesse para todos os fafenses.

1 – A «PONTE DE PASSOS». Quero congratular-me com o início anunciado das obras. Tardou, mas, agora, parece que vai, já há estaleiro, o que indicia o início de obra. As populações deste lado do rio ainda terão um pouco mais de sacrifícios, já que terão de efetuar o desvio por Passos para chegar ao centro da cidade. Vamos acreditar que estes sacrifícios, em nome da segurança, compensarão e que vamos continuar a ter uma ponte a contribuir para o desenvolvimento destas freguesias que precisam desta travessia.
Não duvido que a existência da mesma terá assumido, desde há muito tempo, um papel importante no desenvolvimento desta freguesia e das restantes parcelas de território que efetuam esta travessia. Certamente que ao longo do tempo a mesma sofreu várias alterações até à sua arquitetura atual, e ao que tudo indica que esse momento remonta à abertura da estrada em direção à Póvoa de Lanhoso, na primeira metade do século XIX, cujas obras de beneficiação teriam alterado a estrutura anterior, aproveitando, porém, em boa parte, elementos preexistentes. É neste contexto que para esta freguesia a ponte de passos é histórica e representa uma passagem com memória sobre o rio Vizela, que deve ser conservado como testemunho e recordação do passado. A construção de uma ponte nova não mudará certamente a sua designação, mas a não preservação da antiga ponte significará um desrespeito ao direito de preservação da memória, que não significa atrelá-la ao passado e impedir o seu desenvolvimento, mas sim conservar seus pilares constituintes a fim de não perder conhecimentos e identidades, pelo que defendo a salvaguarda do seu património para memória futura.

2- Ao invés o « PINHEIRO MANSO», árvore central da freguesia, onde todos os lugares principais se cruzam, não vê chegada a hora de se “cuidar” (mesmo com parecer e recomendações da fundação Serralves), mantém parte das raízes nuas há precisamente 1 ano, data que se diligenciou ao Sr. Presidente da Câmara, a alteração ao projeto inicial que previa o seu derrube. Certo é que o traçado foi alterado, mas a proteção e arranjo envolvente, conforme estudo dos técnicos da autarquia, ainda não foi executado, pondo mesmo em causa, atualmente, a sua sobrevivência. Nem sequer se entende (ou talvez sim) o fato de empreitada de beneficiação do CM 1645, não englobar esses trabalhos. Deste modo, reforçamos, agora, publicamente a necessidade urgente de preservar a árvore e o espaço envolvente para maior dignidade, mas sobretudo a salvaguarda desta árvore que faz parte do nosso património.

3- Por último faço referência à iniciativa cultural «CAMILO EM PASSOS», com a temática «De José Cardoso a Camilo» e que pretende relembrar a passagem do escritor Camilo Castelo Branco, em junho de 1860, pela casa do Ermo, propriedade à época do seu amigo José Cardoso Vieira de Castro, e as suas referências no livro Memórias de Cárcere, a mesma realiza-se nos dias 1,2 e 3 de junho, e pretende recrear quadros de época e representações e relatos do escritor. Saliento e apelo a todos a participação no dia 2, na Casa do Ermo, a partir das 21h30 para a palestra «Camilo Castelo Branco, Literatura e Património Cultural» e do documentário dedicado ao escritor, e no dia 3, às 10h00, na Casa do Ermo, para assistir momento evocativo a José Cardoso Vieira de Castro e à participação no Percurso literário recriado «Passos de Camilo», percorrendo os caminhos do escritor, por estas paragens, terminando com a Merenda Camiliana.

Concluo, para dizer que com Sabedoria, é possível Salvaguardar o património material, ambiental e cultural, na freguesia que tem como padroeiro o S.Vicente.
Joaquim Barbosa